terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Como editar um PATCH

Hoje resolvi postar uma coisa útil para muitos usuários, e que vai ajudar muito na produção de um patch novo no Fantom G. Espero que o conteúdo esteja bem simples de entender, porque essa foi minha intenção. Acredito que este tópico vai facilitar bastante no processo de edição de um patch, embora eu ainda cite algumas páginas do manual para leitura complementar (e é realmente essencial que se leia para entendimento dos parâmetros).
Então, feliz natal a todos, espero que isso seja um presente a todos os usuários e que todos possam, depois de ler esse tutorial, estar um pouco mais familiarizados com o Fantom G.

Para começar a editar ou criar seu próprio, você precisará entender seu mecanismo.

De onde o Patch tira seu som?
Cada patch do Fantom G (e também em todos os outros teclados) é na realidade um grupo de gravações de audio, tocando juntos como um único som. Existem muitas configurações em um patch que controla como a gravação é tocada e como ela pode mudar - os efeitos internos do Fantom G contribuem significativamente para o som - mas tudo começa com o grupo de sons gravados.

Existem 2 tipos de gravações que um Patch do Fantom G pode tocar:
  • Gravações de fábrica - Existem 2230 waveforms gravadas na memória interna do Fantom G como PCM waveforms. Cada placa de expansão também possui suas próprias waveforms, a partir das quais os patches são produzidos.
  • Seus próprios samples - O patch pode também tocar gravações, ou SAMPLES, que foram feitas pelos próprios usuários, ou importadas via USB. (leia a postagem "Como criar seu MULTISAMPLE)

Tones
Os Tones formam a estrutura básica de um Patch. Cada Patch pode ser composto por até quatro Tones, sendo que cada um deles pode ser formado por uma waveform, sample ou multisample.
Para cada Tone existem cerca de 100 parâmetros que determinam como as waveforms ou samples tocam. Os Tones podem ser configurados para tocar em conjunto de diversas maneiras, resultando em diferentes possibilidades sonoras a partir de um mesmo conjunto de Tones.
Além disso, existem parâmetros que são comuns a todos os Tones de Patch, que controlam o comportamento de todos os Tones combinados.

Criando seus próprios Patches
Para chegar aos parâmetros de um Patch, primeiro selecione o Patch desejado no modo Single, e depois pressione o botão PATCH, localizado do lado esquerdo do visor.

Escolhendo os Tones corretos
Como o patch é composto de Tones, obviamente a escolha correta deste é um elemento chave para a formação do patch. Outro grande responsável pelo resultado final de um patch são seus efeitos.


Se você está simplesmente modificando um patch pré-existente, ou, editando um patch com as samples que você fez, os tones que você quer estão geralmente onde você quer.
Quando seu patch está em branco, a primeira coisa que você deve descobrir é quantos tones você realmente quer utilizar e quais são. Muitos patches podem soar muito ons com apenas um ou dois tones, não precisando necessariamente de quatro tones para se obter um resultado legal. Não há necessidade de usar quatro tones se você consegue o mesmo resultado com menos. Além de consumir menor parte da polifonia, você perderá menos tempo programando os tones.

Ativando e selecionando Tones
Para ativar ou desativar os tones no Patch Edit, clique em Tone Sw/Sel para mostrar o Tone Switch/Selecione os tones com os botões na parte inferior do visor (botões F1 a F4). Quando o tone está ativado a luz está amarela.

Para editar os parâmetros de um tom, selecione o botão correspondente àquele tone (F5 a F8). Quando o tone está selecionado para edição, a luz está vermelha. Para editar os parâmetros de múltiplos tones simultaneamente, deixe todos eles ativados (de F5 a F8).

Editando os parâmetros do Tone
O Fantom G possui dois métodos para edição do patch, que permitem uma mudança rápida ou alguma coisa mais aprofundada.

  • Patch Zoom Edit - Projetado para permiti pequenas alterações para um patch existente. Representa graficamente parâmetros importantes utilizados para fazer ajustes rápidos.
  • Patch Pro Edit - Contém todos os parâmetros do patch, permitindo ao usuário modificar os mínimos detalhes. É indicado para criação de um novo patch.

Patch Zoom Edit
  • Pitch Envelope - Automatiza mudanças de pitch em um tone - ver página 97 do manual.
  • TVF - Remove frequências de um tone, conforme descrito na página 98 do manual.
  • TVF Envelope - Automatiza mudanças em uma faixa de frequência - ver página 99 do manual.
  • TVA Envelope - Modifica a forma de comportamento do volume, conforme descrito na página 101 do manual.
  • Structure Type - Escolhe como se comportam os tones, um em relação ao outro, podendo causar maiores modificações no som, conforme descrito na página 92 do manual.
  • LFO1 e LFO2 - Pode-se ajustar o LFO ("low frequency oscillator") do patch, que adiciona variações cíclicas no patch, com pulsações rítmicas ou até mesmo mudanças caóticas randômicas. Ver manual, página 102.
  • Step LFO - Permite ao usuário criar seu próprio LFO, conforme descrito na página 104 do manual.

Patch Pro Edit
Nesse método de edição você consegue encontrar todos os parâmetros editados em um patch, apresentados em grupo. Para mudar entre as sessões basta clicar F1 (Group/Up) ou F2 (Group/Down).
Para mudar para o Patch Pro Edit, clique F6 (Pro Edit) quando no Patch Zoom Edit. Um outro método de mudar, é clicando no botão PATCH uma primeira vez para acionar o Patch Zoom Edit, e uma segunda vez para entrar no Patch Pro Edit.

Os grupos de parâmetros editáveis:
  • Geral - Esses parâmetros são aplicáveis ao patch como um todo. É onde se edita a categoria, volume (level e panning), e seleciona a importância desse patch frente ao limite da polifonia. Pode-se ajustar a afinação e algumas modificações gerais em alguns parâmetros. Veja mais na página 89 do manual.
  • Wave - Esses parâmetros permitem selecionar a PCM waveform, sample ou multisample de cada tone, e seu comportamento básico. Veja mais na página 91 do manual.
  • TMT (Tone Mix Table) - Ajuste a maneira na qual os tones ativos interagem. Além disso, controle o volume e características de um tone. Veja página 92 do manual.
  • Pitch - Selecione a afinação básica de um tone aqui, e como ele responde ao Pitch/Bend Modulation, assim como ao pitch envelope. Veja página 96 do manual.
  • Pitch Env - Permite automatizar mudanças ao pitch de um tone. Veja página 97 do manual.
  • TVF - O "Time Variant Filter" pode remover faixas de frequência de um tone. Veja página 98 do manual.
  • TVF Env - Permite automatizar mudanças na frequência de um tone. Veja página 100 do manual.
  • TVA - Seleciona o comportamento do volume de um tone. Veja página 100 do manual.
  • TVA Env - Automatiza a forma de comportamento do volume. Veja página 101 do monual.
  • Output - Esses parâmetros determinam para onde o tone vai soar, se será para os efeitos ou diretamente. Pode-se determinar quanto do tone será enviado para os efeitos. Veja página 102 do manual.
  • LFO1, LFO2 - Promove variações cíclicas aos valores do parâmetro desejado, como pitch, panning, etc. Cada tone possui dois LFO's padrões, que podem ser configurados conforme desejado. Veja página 103 do manual.
  • Step LFO - Permite que o usuário programe modificações mais complexas do que o LFO padrão. Veja página 104 do manual.
  • Solo/Porta (Portamento) - Esses parâmetros determinam se todo o patch toca apenas uma nota por vez (solo) ou multiplas notas simultaneamente (poly), e seleciona como uma nota muda para a outra. Portamento (slide) tamém é controlado nesse grupo. Veja página 105 do manual.
  • Misc - Essas configurações permitem que você atrase o inicio do tone ao tocar uma tecla, e a resposta a certas mensagens MIDI. Veja página 107 do manual.
  • CTRL 1,2,3,4 - Esses parâmetros são o "centro de controle" dos patches. Permitem a escolha de 4 parâmetros para controle em tempo real. Veja página 109 do manual.

Ferramentas para edição do Patch
Em qualquer dos dois métodos (Zoom Edit ou Pro Edit) você pode selecionar "Util Menu" para mostrar o Patch Utility Menu, que contém uma lista com ferramentas que ajudam na edição do patch. São elas:
  • Patch Initialize, que reseta todos os parâmetros de um set para um padrão, não baseado em nenhum outro patch, para que o novo patch seja construído desde o princípio.
  • Tone Initialize, que reseta apenas o tone selecionado do patch para os valores padrão.
  • Tone Copy, que permite a cópia dos parâmetros de um tone para o outro, dentro de um mesmo patch. Quando abrir a janela Patch Tone Copy, selecione o tone desejado no patch que você deseja copiar e em baixo selecione para qual tone você deseja copiar. Você pode escutar o original clicando em F6 (Compare) e tocar alguma coisa enquanto ele estiver aceso.
Agora é só começar!!!!! Leiam as páginas do manual citadas!! Vai ajudar muito mais do que imaginam!

Igor Cristo

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fantom G Patch Archive

Já foi perguntado várias vezes no fórum CifraClub sobre o site de compartilhamento de sons para o Fantom G, o Fantom G Patch Archive. O endereço é: http://fantomg.navarin.de/

Até hoje nunca vi algo que fosse ótimo, tudo precisa de um pouco de edição, mas pra quando a gente está começando, pode ser um bom caminho para ter sons diferentes. Mas, pra variar, falta a informação de como passar esses sons para dentro do teclado.

Bem simplificadamente, pode-se conseguir carregar os sons da seguinte maneira:
  • Escolha o som que te agrada (alguns deles possuem demonstração) e salve-o em alguma pasta do computador. Os arquivos estão no formato MID, o que pode parecer estranho, mas é exatamente isso, não são samples novos, mas sim da memória interna do Fantom G.
  • Execute o programa Fantom G Editor, conectando o Fantom ao computador através de um cabo USB, conforme descrito no manual.
  • Para carregar o som no Fantom, certifique-se de que ele está no modo ideal para aquele som salvo (a maioria deles são patch's únicos, estando no modo Single, mas alguns estão no modo Live).
  • Em seguida, no Fantom G Editor, vá em File > IMPORT SMF , e escolha o arquivo MID salvo no seu computador.
  • O som já é transmitido para o Fantom, e você já pode escuta-lo.
  • Se agradou, basta salva-lo, clicando em WRITE (cuidado para não salvar sobre algum som criado por você mesmo!).

Espero que tenha sido tranquilo fazer isso depois de ler esse passo a passo.
Se alguém tiver algum patch legal e quiser disponibilizar lá no site também é bem tranquilo! Basta escolher o patch (com o Fantom conectado ao computador e com o Fantom G Editor aberto) e no editor clicar File > EXPORT SMF e escolher se é Studio Set, Live Set, etc.

Igor Cristo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Como criar seu MULTISAMPLE

Primeiramente, obrigado por visitar o blog. Estava meio enrolado pra sair, mas acabamos conseguindo. Tudo começou com a idéia de Levy Carvalho, que, conversando comigo (Igor Cristo) no MSN deu a idéia de criar um blog especialmente dedicado ao Fantom G, já que o conteúdo em português para ele é muito escasso e também porque a própria Roland do Brasil muitas vezes não sabe responder. A partir da iniciativa dele, que criou o blog, e-mail para ser usado com o blog e outras coisas mais, decidi ajudar com a parte de design do site, para não ficar com aquele visual "porquinho", e ajudar também com a parte de tutoriais, já que tenho o meu a um bom tempo e já aprendi muita coisa nesse quase 1 ano e meio com ele. Mas, chega de contar a história de como surgiu o blog, vamos partir pro primeiro tutorial!

Esta é a primeira postagem no blog e espero que seja útil para os usuários. Muitas vezes esses tutoriais já existem, mas geralmente em inglês, o que pode ser complicado para alguns.
Como primeiro post, achei interessante colocar algo de grande utilidade para todos, mas que não há sequer uma citação em todo o manual: como criar seu MULTISAMPLE.

1º Obter samples do instrumento
  • O indicado é que se obtenha samples de todo o teclado, executadas nas mesmas velocidades (com isso entende-se força exercida ao tocar). Quanto maior o número de amostras, mais próximo do original ficará o som, mesmo que consuma mais memória RAM. A fim de exemplo, pegaremos 5 amostras, das teclas C1, C2, C3, C4 e C5 (se for seguir o passo a passo, aconselho que o som de escolha seja algum lead)
  • O método mais comum de se obter samples é através do próprio computador, já usando o sample pronto, o que é muito mais simples do que samplear você mesmo. Pode-se também samplear outro teclado diretamente dentro do Fantom G, o que é muito mais trabalhoso e com um resultado dependente da capacidade do tecladista em samplear. Deve-se lembrar que as samples que podem ser carregadas no Fantom G devem estar no formato WAV ou AIFF de 16 bits e 44100 Hz (quando se retirar as samples do computador).

2º Importar samples para o Fantom-G
  • Após nomear e gravar os samples, copie os samples em uma memória USB, na pasta IMPORT (sem usar nenhuma subpasta, os samples devem ser colocados na pasta IMPORT diretamente). Conecte a memória USB no Fantom G.
  • Para importar os samples, basta apertar MENU > IMPORT AUDIO > USB MEMORY. Selecione os samples que deseja importar e confirme a operação.

3º Criando um multisample com os samples importados
OBS.: Só tem como criar o multisample quem tem o sistema atualizado para 1.10 ou superior.
  • Primeiro selecione, no modo Single, o patch de usuário (USER) onde deseja criar o instrumento.
  • Pressione o botão PATCH (do lado esquerdo do visor) duas vezes para começar a edição (Pro Edit).
  • Selecione um dos tons (por exemplo, Tone 1) e deixe os outros desativados. (No tone select, deixe em vermelho somente o tom desejado)
  • Selecione o Wave Group, e selecione MSAM (Multisample)
  • No wave number, selecione o número do multisample que deseja usar (por exemplo o 1).
  • Pressione F4 (Util Menu) e escolha Multisample Edit.

4º Assinalar samples no multisample
Nesse momento você colocará o sample em cada tecla.
  • Quando se copia os samples, deve-se editar qual a nota padrão de cada uma delas. Por exemplo, se a nota escutada de um sample é o D3, deve-se assinalar dentro do Fantom G que a Original Key é o D3. Isso é importante para que, caso se use por exemplo um sample de C1 na nota A0, o A0 não tenha um som de C1, e o C1 não tenha som de D#1.
  • Depois de assinalar corretamente qual a Original Key de cada sample, pode-se começar a colocar o sample em toda extensão do teclado. Existe duas maneiras de fazê-lo: a seria clicando nas teclas e ir assinalando um sample para cada tecla (uma para C1, outra para D1, e assim sucessivamente), que seria a maneira ideal de se samplear um piano por exemplo; a seria segurando duas notas (por exemplo C1 e B1) e assinalar um sample apenas para esse intervalo (nesse caso o próprio teclado simula a afinação das outras notas distorcendo a sample original), que funciona relativamente bem quando se "sampleia" um synth lead por exemplo. Essa é a parte enjoada e braçal de se samplear em qualquer teclado ou programa de computador.
  • Terminando a parte mais trabalhosa, basta apenas salvar o patch, pressionando o botão WRITE.

5º Edição dos demais parâmetros
  • Depois de pronto o multisample você pode voltar ao modo de edição do patch, pressionando o botão patch uma vez (no caso de edição de TVF, TVA, LFO) ou pode ainda entrar no Pro Edit (pressinar botão PATCH duas vezes) e editar outros parâmetros ou até mesmo criar outros layers de velocidade (entenda como força de pressão exercida ao tocar) com outros samples.
  • Se necessário editar os samples, como ponto de loop e etc. basta ir na edição do sample, clicando no botão SAMPLE, localizado no lado direito do visor. Isso pode ser bastante trabalhoso no Fantom G, por isso aconselho o uso de mouse ou então já mandar os arquivos editados.
  • Quando estiver satisfeito com o resultado (se é que precisou de editar esses outros parâmetros) pressione WRITE novamente para salvar as alterações feitas no patch.

Pronto! Você agora já sabe como fazer um multisample no Fantom G. Novamente, espero que tenha este tutorial tenha sido útil para todos!!

Igor Cristo